Com intensidade e superioridade do início ao fim, o Palmeiras venceu com autoridade o Corinthians por 2-0 na Arena Barueri, quebrou incómoda sequência sem vencer o rival e assumiu a liderança provisória do Brasileirão.
12/04/2025 – Atualidade/Opinião
O clássico prometia tensão, rivalidade e equilíbrio. Mas em pouco mais de vinte minutos, o Palmeiras tratou de mostrar que só havia espaço para um protagonista na noite deste sábado. Na Arena Barueri, o Verdão atropelou um Corinthians adormecido, venceu por 2-0 e dorme na liderança do Brasileirão. Uma exibição para lavar a alma e encerrar, com autoridade, a sequência de quatro jogos sem vencer de Abel Ferreira frente a Ramón Díaz nos dérbis paulistas.
Não foi apenas uma vitória. Foi um atropelo técnico, táctico e até emocional. A passividade corintiana no início da partida roçou o inexplicável. A equipa de Abel, atenta e intensa desde o apito inicial, impôs-se fisicamente, encontrou espaço com facilidade e construiu o resultado cedo, com golos de Piquerez e Emiliano Martínez — ambos com alguma colaboração de Matheus Donelli, mas sobretudo fruto da liberdade inadmissível concedida nas imediações da área.
Curiosamente, mesmo sem uma grande elaboração ofensiva, o Palmeiras fez o que quis. O novo desenho táctico de Abel Ferreira parece ter encaixado na perfeição: Felipe Anderson aberto na direita, como nos seus melhores tempos na Lazio, e Estevão mais por dentro, a associar-se com Vitor Roque. A fluidez ofensiva melhorou e o jogo vertical surgiu com naturalidade. A trave impediu o terceiro ainda na primeira parte, num remate de Anderson.
O Corinthians? Só despertou depois de estar a perder por dois — e, mesmo assim, manteve-se cambaleante, inseguro, sem saber bem como reagir. O único respiro alvinegro surgiu quando Memphis Depay passou a recuar, assumindo o papel de organizador. Driblou, pediu bola, tentou combinar com Bidon e Carrillo. Foi o mais lúcido de uma equipa que apenas levou algum perigo real à baliza de Weverton nos descontos, quando Hugo obrigou o guarda-redes a uma grande defesa.
Na segunda parte, o Palmeiras acumulou oportunidades para transformar o dérbi numa goleada. Vitor Roque teve um golo anulado por fora de jogo, Paulinho estreou-se com energia e movimentação, Estevão quase marcou após uma jogada individual de encher o olho. Faltou apenas o toque final. Sobrou superioridade.
Abel Ferreira, que tinha sido superado por Ramón Díaz nos últimos quatro confrontos entre os rivais — incluindo uma dolorosa perda de título estadual —, foi cirúrgico. Acertou na escolha do onze, no plano de jogo e nas substituições. Do outro lado, Ramón viu a sua equipa ser engolida em campo, e a tentativa de reorganizar o conjunto em 4-3-3 esbarrou na mesma apatia dos primeiros minutos.
Se há algo a lamentar do lado alviverde, é a oportunidade desperdiçada de transformar uma grande exibição numa goleada histórica. Mas talvez nem isso pese tanto. O Palmeiras foi dominante, seguro e voltou a demonstrar que, com intensidade e organização, pode ser implacável.
Já o Corinthians… bem, mais vale esquecer. Ou, quem sabe, lembrar muito bem — para não repetir uma exibição tão irreconhecível num clássico que exige, acima de tudo, alma.
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