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Tragédia em Santiago: CBF pede vitória ao Fortaleza após caos contra o Colo-Colo

Após a morte de dois adeptos e a invasão de campo no jogo Colo-Colo x Fortaleza, a CBF pediu que a equipa brasileira seja declarada vencedora. O caso está agora nas mãos do Comité Disciplinar da Conmebol.

Por Eduardo Vieira

12/04/2025 – Atualidade

Imagem: Javier TORRES / AFP

Na madrugada desta sexta-feira (11), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) formalizou junto da Conmebol o pedido para que o Fortaleza seja declarado vencedor da partida contra o Colo-Colo, pelo resultado de 3-0. O encontro, referente à segunda jornada da fase de grupos da Taça Libertadores, foi interrompido aos 69 minutos, com o marcador ainda em 0-0, após uma invasão de campo no Estádio Monumental de Santiago.

A solicitação foi enviada directamente ao Director de Competições da Conmebol, Fred Nantes, com base nos artigos 6.º e 24.º do Código Disciplinar da entidade, que responsabilizam o clube anfitrião pela segurança do evento. Ainda durante esta sexta-feira, a CBF ratificou o pedido e anexou a denúncia oficial aos órgãos judiciais da Conmebol.

Caso a solicitação seja aceite, o Fortaleza somará três pontos sem necessidade de regressar ao Chile, enquanto o Colo-Colo poderá enfrentar outras sanções, que vão desde jogos à porta fechada até à exclusão da própria competição. A Conmebol ainda não decidiu se a partida será remarcada ou definitivamente cancelada. Em comunicado, a entidade afirmou que o caso está sob análise do seu Comité Disciplinar.

Para além da responsabilidade pelos acontecimentos, o clube chileno poderá ser obrigado a suportar os custos de uma eventual remarcação do jogo e indemnizações pelos prejuízos financeiros causados ao adversário e à organização do torneio.

Duas mortes, caos e colapso da segurança no Monumental

A tragédia teve início ainda fora do recinto desportivo. Horas antes do pontapé de saída, adeptos do Colo-Colo tentaram invadir o Estádio Monumental, derrubando barreiras de segurança e forçando entradas. Durante a confusão, um veículo policial, utilizado para dispersar multidões com gás lacrimogéneo, atropelou dois jovens adeptos: uma rapariga de 18 anos e um rapaz de apenas 13. Ambos morreram. Outras dez pessoas foram detidas.

A notícia das mortes espalhou-se pelas bancadas durante a segunda parte, intensificando ainda mais um ambiente que já era tenso desde o início. No relvado, o avançado Deyverson, que estava no banco de suplentes, já relatava o arremesso de objectos por parte da claque chilena na direcção dos jogadores do Fortaleza. Aos 69 minutos, adeptos do setor popular quebraram o vidro de protecção e invadiram o campo.

Os jogadores da equipa brasileira correram de imediato para os balneários. A equipa de arbitragem suspendeu o jogo e, após mais de uma hora de paralisação e na ausência de garantias mínimas de segurança, a partida foi oficialmente cancelada. A Conmebol emitiu um comunicado informando que o caso será analisado pelo seu Comité Disciplinar, e que uma decisão será tomada após avaliação de todos os relatórios e provas recolhidas.

Nas bancadas, os adeptos do Fortaleza também denunciaram agressões e o lançamento de objectos na sua direcção. A direcção do clube prestou apoio aos torcedores presentes, assegurando uma saída em segurança do estádio.

Imagem: Jonnathan Oyarzun / Photosport
Reacções e apelos por sanções firmes

O CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, lamentou profundamente o episódio e exigiu uma resposta célere da Conmebol. “O futebol não combina com violência. A competição não pode ser marcada por duas mortes. O ambiente era extremamente hostil. Esperamos que a Conmebol seja rigorosa e rápida na sua decisão. Isso também educa”, afirmou.

A claque “Garra Blanca” publicou uma nota onde responsabiliza a polícia pelas mortes e promete vingança. Em resposta, a Federação Chilena de Futebol (ANFP) apelou ao Estado por medidas legislativas urgentes, incluindo a transformação do Registo Nacional de Claques em lei. “A violência não pode vencer o desporto”, declarou a federação em nota oficial.

“O mais difícil é a morte destes dois adeptos. Ficámos em choque. Vamos apoiar as famílias e exigir respostas da polícia. Precisamos de encontrar soluções para que isto nunca mais volte a acontecer”, afirmou Aníbal Mosa, presidente do Colo-Colo, uma das últimas autoridades a abandonar o estádio naquela noite.

A repercussão do episódio chegou ao mais alto nível do futebol mundial. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, declarou-se “profundamente consternado” e expressou condolências às famílias das vítimas, aos clubes e às federações envolvidas.

Enquanto isso, o destino da partida — e o futuro do Colo-Colo na Libertadores — permanece nas mãos do Comité Disciplinar da Conmebol.

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