O ídolo do Flamengo foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de manipular apostas ao forçar um cartão amarelo em 2023. Familiares e amigos do jogador também foram implicados no esquema investigado pelo Ministério Público.
16/04/2025 – Atualidade
De acordo com o relatório da investigação, que conta com 84 páginas e foi entregue à Justiça nesta semana, o atleta teria forçado um cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo do jogo realizado em Brasília, quando o Flamengo já perdia por 2-1. A advertência ocorreu após uma falta sobre Soteldo, seguida de reclamações, o que culminou na expulsão do jogador. O caso foi inicialmente levantado em agosto do ano passado, após casas de apostas identificarem movimentações suspeitas: entre 95% e 98% das apostas de cartões no jogo haviam sido feitas em nome de Bruno Henrique.
A Polícia Federal também indiciou nove pessoas, entre elas o irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior, a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima, e a prima do jogador, Poliana Ester Nunes Cardoso. Todos fizeram apostas com conhecimento prévio da acção. Um segundo grupo de apostadores, composto por amigos do irmão do jogador, também foi indiciado por estelionato.
Bruno Henrique e o irmão foram enquadrados no artigo 200 da Lei Geral do Desporto, por fraude desportiva, que prevê pena de dois a seis anos de prisão, além de estelionato, cuja pena varia entre um e cinco anos.
As investigações incluíram operações de busca e apreensão realizadas em novembro de 2023, com passagem por endereços ligados ao atleta, incluindo o centro de treinos do Flamengo. O telemóvel de Bruno Henrique foi apreendido, e nele a Polícia Federal encontrou mensagens comprometedoras, incluindo uma conversa em que o irmão pergunta quando o jogador levaria o terceiro cartão amarelo, ao que Bruno Henrique responde: “Contra o Santos”.
O Ministério Público do Distrito Federal analisa agora o material entregue e poderá oferecer denúncia formal nas próximas semanas. Caso isso ocorra, caberá à Justiça decidir se tornará o jogador réu. A expectativa é de que a denúncia possa ser formalizada até ao final de abril ou início de maio.
O Flamengo, em nota oficial, declarou não ter sido notificado pelas autoridades e reforçou o compromisso com as regras do fair play desportivo. “O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa”, diz o comunicado.
Apesar da gravidade das acusações, Bruno Henrique não foi afastado pelo clube e mantém a rotina normal de treinos. O avançado apresentou-se normalmente na concentração e segue como opção para o técnico Filipe Luís na próxima partida contra o Juventude.
O caso, que já havia sido arquivado pelo STJD em 2023 por falta de elementos, voltou a ser analisado. Nesta terça-feira (16), o procurador-geral do órgão, Paulo Emílio Dantas Nazaré, solicitou o compartilhamento integral do relatório da Polícia Federal. A decisão sobre a reabertura de um processo desportivo dependerá agora do acesso às provas reunidas.
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