O Corinthians entrou em campo ferido. A goleada sofrida para o Fluminense e a saída de Ramón Díaz haviam deixado o ambiente pesado no Parque São Jorge. Mas neste sábado, sob o comando interino de Orlando Ribeiro, coube a Memphis Depay devolver ao Timão o mínimo de serenidade. Com dois golos e uma atuação decisiva, o avançado holandês comandou a virada por 2-1 sobre o Sport, que permanece na lanterna do Brasileirão e vive uma crise cada vez mais profunda.

A primeira meia hora do Corinthians foi intensa e promissora. O trio ofensivo formado por Romero, Memphis e Yuri Alberto pressionava alto, e os erros defensivos do Sport ofereciam ao Timão cinco boas oportunidades antes mesmo dos 15 minutos. Faltou pontaria — e sobrou desorganização ao Leão, que falhava na construção e via as suas linhas serem facilmente rompidas.

Mesmo assim, os visitantes souberam resistir. Ao baixar suas linhas e contar com uma leve queda na intensidade corinthiana, o Sport conseguiu respirar. Carlos Alberto e Barletta passaram a encontrar espaços, e aos 44 minutos, Sergio Oliveira apareceu na área para finalizar de primeira após cruzamento da direita: 1-0 para os pernambucanos, resultado surpreendente para o que havia sido o panorama do jogo até então.

Mas o intervalo mal terminou e Memphis já tratou de empatar. No primeiro minuto da segunda parte, Romero cruzou da direita, João Silva falhou no corte e o camisa 10 dominou, girou e finalizou com categoria: 1-1. Era o início de uma atuação de líder, com Memphis a responder em campo às críticas que ele próprio fizera ao colectivo após a derrota para o Fluminense na última quarta-feira.

O Corinthians voltou a ter o controlo das ações, mesmo sem repetir o volume ofensivo do primeiro tempo. E Memphis, de novo, desequilibrou. Aos 61 minutos, combinou com Léo Maná e, após receber de volta dentro da área, bateu de primeira. A bola desviou na defesa e enganou o guarda-redes do Sport. Virada consumada, e o nome do jogo consolidado.

O Sport ainda tentou reagir. As entradas de Lenny Lobato e Gonçalo Paciência deram novo fôlego ao ataque, e o Leão chegou a criar três boas oportunidades em dez minutos. Mas esbarrou em mais uma noite de pouca inspiração e numa defesa corinthiana mais organizada.

Pepa apostou num onze inicial sem o capitão Lucas Lima, decisão que gerou estranheza e, após nova derrota, só aumentou a pressão sobre o treinador. Chico, improvisado na lateral-esquerda, sofreu do início ao fim com os avanços por aquele setor.

É a sexta derrota nos últimos sete jogos do Sport, que parece perdido em campo, fragilizado nas ideias e exposto em todos os sectores. A demissão de Pepa, neste contexto, parece uma questão de tempo.

Já o Corinthians respira. Ainda sem treinador definido, mas com Memphis como farol dentro e fora do relvado. A crise não está resolvida — mas a resposta do grupo em campo dá ao Timão algo valioso: margem para reconstruir.