Após o empate sem golos frente ao Botafogo, na estreia do Campeonato Brasileiro, Abel Ferreira viu-se no centro de uma nova polémica no Palmeiras. O técnico português fez uma declaração que não caiu bem junto da torcida e, horas depois, usou as redes sociais para pedir desculpas públicas.

No final da partida no Estádio Nilton Santos, Abel reagiu aos cânticos da massa adepta do Botafogo — que celebrava simbolicamente o título de 2024 conquistado com Artur Jorge — e deixou uma provocação dirigida, indiretamente, aos próprios palmeirenses. “Vocês já viram os nossos adeptos a fazerem isso nos anos em que fomos campeões?”, questionou o treinador.

A repercussão foi imediata e negativa. Muitos adeptos interpretaram a frase como um desrespeito à torcida, especialmente após anos de conquistas expressivas sob o comando do próprio Abel. Consciente do impacto, o treinador publicou uma retratação no Instagram.

“Ontem(domingo) tive uma fala que não fez jus a tudo que essa torcida já fez e representa para mim. (…) Lamento profundamente as minhas palavras na coletiva de ontem. Sou e serei sempre grato! Avanti Palestra! Sempre!”, escreveu.

No texto, Abel relembrou momentos marcantes da relação com os adeptos, como o emblemático mosaico da caravela em 2023, e reforçou o papel da torcida como “alma, coração e identidade” do clube.

Apesar do pedido de desculpas, o episódio acendeu um sinal de alerta nos bastidores do Palmeiras. Segundo o jornalista Diego Iwata, do Portal Trivela, embora Abel continue a gozar de prestígio junto à presidente Leila Pereira e ao diretor de futebol Anderson Barros, membros de outros sectores da Direção já demonstram desconforto com a postura recente da comissão técnica.

O empate frente ao Botafogo também acentuou as críticas ao desempenho da equipa. Foi o terceiro jogo consecutivo sem marcar golos — sequência que iguala o pior registo ofensivo do clube sob o comando de Abel, iniciado em 2020. A última vez que o Verdão passou por um jejum semelhante foi em julho de 2024.

“Nos últimos cinco jogos sofremos apenas um golo e fizemos quatro. Olhem para o que vos apetecer”, minimizou Abel, citando vitórias sobre São Paulo (1-0) e São Bernardo (0-3) antes da actual sequência.

Internamente, há a expectativa de que o desempenho da equipa nas próximas partidas seja determinante para acalmar os ânimos e afastar qualquer risco de crise antecipada. Pelo menos por agora, Abel continua no comando — mas a margem de tolerância parece mais estreita do que nunca.