Palmeiras e Botafogo estreiam no Brasileirão com empate sem golos e impressões opostas. Verdão segue estagnado e sem criatividade, enquanto o Botafogo de Renato Paiva mostra personalidade e deixa sinais positivos na estreia oficial do treinador português.
01/04/2025 – Atualidade/Opinião
A abertura do Campeonato Brasileiro 2025 colocou frente a frente dois campeões recentes da Série A. Mas, ao contrário do que o peso dos escudos podia prometer, foi o futebol que faltou no Allianz Parque. O empate a zeros entre Palmeiras e Botafogo escondeu muito mais do que revelou. Se, por um lado, o placar sugere equilíbrio, o desenrolar dos 90 minutos mostrou um Verdão sem ideias e um Glorioso com personalidade — ainda que perdoando demais.
Foi o primeiro jogo oficial de Renato Paiva no comando do Botafogo. E o treinador português terá saído com motivos para sorrir. Mesmo como visitante, a sua equipa controlou o primeiro tempo com autoridade, encontrando espaços, acelerando transições e neutralizando um Palmeiras que, mesmo com mais posse, pouco produziu. A estratégia do Fogão foi clara: defender em bloco médio, roubar bolas com eficácia e sair com qualidade — sobretudo pelo lado direito.
O domínio alvinegro foi, aliás, suficiente para ir ao intervalo com vantagem no marcador, não fossem as más finalizações a emperrar o bom início de campanha. Igor Jesus teve uma chance clara, desperdiçada. Outras escapadas perigosas também ficaram pelo caminho ou pararam nas mãos de Weverton.
Na segunda parte, o ritmo caiu. O Palmeiras tentou reagir, mas seguiu previsível. A formação de Abel Ferreira parece viver um momento de bloqueio criativo. Nem com jogadores mais técnicos no meio-campo — como Veiga e Ríos — a equipa conseguiu encaixar boas jogadas no terço final. Estevão, sobrecarregado, teve atuação discreta. Facundo Torres e Piquerez tentaram pela esquerda, mas sem continuidade nas combinações.
Defensivamente, o Verdão voltou a dar espaços nas costas. O lado esquerdo, em especial, sofreu com as transições rápidas do Botafogo. Se não fosse o guarda-redes Weverton, que fez seis defesas importantes, o resultado teria sido bem diferente. Aliás, o número de remates certeiros da equipa alviverde — apenas três em 14 tentativas — espelha bem a dificuldade que o Palmeiras vive neste início de temporada, agora com três jogos seguidos sem marcar.
No meio de tudo, destacou-se Gregore, médio do Botafogo, quase perfeito na sua atuação. Incansável, foi peça-chave para anular a construção palmeirense pelo centro, obrigando o adversário a procurar cruzamentos forçados e jogadas pelos lados. Com ele, o meio-campo alvinegro ganhou corpo, e a equipa teve equilíbrio para cumprir o plano de jogo traçado por Paiva.
O empate sem golos frustrou ambas as torcidas — campeãs nas últimas duas edições — mas deixou impressões distintas. O Palmeiras, pressionado e alvo de protestos ao apito final, sai com mais perguntas do que respostas. O Botafogo, por sua vez, apresenta-se com sinais promissores: uma ideia clara de jogo e um grupo que parece disposto a segui-la.
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