Com mais volume, mas sem eficácia, o Sport voltou a empatar sem golos frente ao Fortaleza na Ilha do Retiro, manteve-se na última posição do Brasileirão e viu aumentar a pressão sobre o técnico Pepa após nova noite de protestos.
27/04/2025 – Atualidade/Opinião
A crise no Sport parece não ter fim. Na madrugada deste domingo (27), na Ilha do Retiro, o Leão pernambucano voltou a mostrar mais volume de jogo, criou chances, teve mais posse de bola… mas saiu de campo sem vencer — e, pior, sem marcar. O empate sem golos frente ao Fortaleza, pela 6.ª jornada do Brasileirão, manteve a equipa na última posição da tabela e alimentou ainda mais a insatisfação dos adeptos com o treinador Pepa.
Desta vez, não se pode dizer que faltou iniciativa. Pepa mexeu na estrutura: iniciou a partida com dois extremos de velocidade, Barletta e Carlos Alberto, abrindo mão do recorrente esquema com três médios defensivos. A aposta deu resultado nos primeiros 45 minutos. O Sport foi mais organizado, controlou o meio-campo e criou algumas boas oportunidades. Lucas Lima levou perigo e Carlos Alberto desperdiçou as melhores chances, esbarrando em João Ricardo ou pecando na má execução. O filme já é conhecido: muito volume, pouca contundência.
Os adeptos não perdoaram. Mesmo melhor em campo, o Sport foi vaiado na saída para o intervalo, sinal claro de uma paciência que se esgota a cada jornada sem vitórias.
Na segunda parte, o panorama mudou. O Sport perdeu intensidade e viu o Fortaleza crescer, especialmente com a entrada de Kervin Andrade. O jogo ficou truncado, recheado de erros de passe e disputas duras no meio-campo. Pepa tentou ousar: lançou Lenny Lobato, Titi Ortíz e Atencio para dar novo fôlego ao ataque. Mas a história repetiu-se — muita circulação de bola, pouca agressividade efetiva.
O momento mais dramático da partida chegou aos 74 minutos, quando o Fortaleza quase assume a vantagem no placar. Yago Pikachu finalizou, a bola bateu no travessão e caiu muito perto da linha de golo. O VAR analisou o lance durante intermináveis oito minutos, mas, sem tecnologia de linha de golo no Brasileirão, a arbitragem decidiu não validar o golo por falta de certeza absoluta. Um capítulo que aumentou ainda mais a tensão na Ilha do Retiro.
Já no tempo adicional, o Fortaleza ainda perdeu Titi, expulso após falta dura em Zé Lucas. Mesmo com um homem a mais, o Sport não conseguiu criar qualquer lance de perigo e saiu novamente sem conseguir quebrar o jejum de vitórias. Após o apito final, Pepa voltou a adotar um discurso que contrasta com o sentimento das bancadas.
“Fizemos um jogo bom”, afirmou o treinador, defendendo a atuação da sua equipa e a evolução do rendimento. “E eu volto a referir, tirando aqueles 30 minutos depois do jogo aqui, depois do golo do Red Bull (Bragantino), eu não vejo a equipa a jogar mal. Não vejo a equipa a ser inferior a nenhuma outra”, reforçou.
As palavras, no entanto, soaram desconectadas da realidade vivida na Ilha — uma realidade de protestos, insatisfação crescente e um Sport cada vez mais mergulhado no desespero.
O único alento para os rubro-negros foi a atuação promissora de Zé Lucas. Com apenas 17 anos, o jovem foi o destaque da equipa, mostrando personalidade, qualidade no passe e boa leitura de jogo num meio-campo carente de inspiração.
Se o desempenho até ensaia lampejos de evolução, os números são implacáveis: o Sport segue como o único clube sem vitórias no Brasileirão e ostenta o pior ataque da competição. A cada jornada, a margem para reverter o cenário diminui — e Pepa vê a sua continuidade cada vez mais ameaçada.
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